21 de maio de 2010

O poder da mobilização.

  Quem diria que, após derrotarmos a ditadura, estaríamos aqui hoje, depois de 20 anos, descrentes na política brasileira?
  Nosso país, que lutou duramente pela Democracia, a vê hoje desgastada e falha. Quando antes o povo esperava ansiosamente pelas eleições, tendo consciência de que lutou pelo direito de votar, hoje foge desse período, vendo-o pessimista como apenas uma obrigação democrática.
  Não é sem motivo tamanha descrença. Fomos testemunhas de diversas crises parlamentares. Presenciamos diversos escândalos e absurdos no Congresso, nas Assembléias e nas Câmaras, em todas as esferas do poder. Assistimos tristemente à decadência da Democracia.
  Nem tudo, porém, está perdido.
  Afinal, quando nossos representantes não estão fazendo seus papeis, somos nós que devemos agir diretamente para mudar o rumo da História Nacional. Podemos tudo, se nos unirmos.
  Nosso passado recente nos oferece muitos exemplos do poder da mobilização. Conseguimos, afinal, a duras penas ganhar a democracia. O movimento “Diretas Já”, apesar de não ter conseguido aprovar o fim das eleições indiretas, mostrou para os governantes que não mais queríamos a ditadura. Eles entenderam o recado.
  Tivemos, logo depois, a decepção com nosso primeiro Presidente da República eleito diretamente após a ditadura, Fernando Collor de Mello. Depois de abusos de poder e escândalos de corrupção, iniciou-se o movimento “Fora Collor”, que, pressionando firmemente o Congresso, conseguiu o impeachment.
  Foram-se anos e anos de eleições, novos ou velhos políticos, governantes diferentes e crises políticas diferentes. Mesmo assim, quando a população se uniu, houve vitória. Afinal, a vontade do povo sempre prevalece.
  E também foi assim com o Projeto Ficha-Limpa. O Brasil, país conhecido pela impunidade, finalmente conseguiu aprovar no Senado a lei que impedirá a candidatura de políticos com problemas na Justiça. Sem grandes alterações, faltará apenas a sanção do Presidente Lula para que ela valha ainda para as eleições o ano de 2010. Poderemos, finalmente, almejar uma política com menos corrupção e menor imunidade.
  Havia, no entanto, muitos descrentes em relação à aprovação no Congresso. Com razão, imaginava-se que a maioria dos parlamentarias votaria contra o projeto, sendo inclusive boa parte deles “fichas-sujas”. Contudo, a sociedade se uniu e se mobilizou. Foram cerca de dois milhões de assinaturas a favor da lei, além da pressão sobre os deputados e senadores para que aprovassem o projeto, conseguindo mostrar que não mais queremos a política brasileira corrompida.
  Estudantes, aposentados, trabalhadores, intelectuais e até mesmo políticos se uniram nessa luta, e foi apenas possível que a lei “Ficha-Limpa” fosse aprovada porque batalhamos pelo nosso direito de sermos ouvidos. Batalhamos para que escutassem nossa voz. Batalhamos e vencemos pela Democracia!

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