29 de janeiro de 2010

Aos Vestibulandos de 2009

  Como se não bastasse o MEC anunciar, em Abril, que mudaria todo processo de vestibular no mesmo ano, os vestibulandos de 2009 ficaram angustiados com a falta de informações acerca do – tão endeusado pelo ministro Haddad – “Novo” Enem.
  Foram meses de tiros no escuro por parte de ansiosos alunos e professores. Ainda assim, os colégios e cursos pré-vestibular tentaram, na medida do possível, se adaptar a proposta de reformulação do vestibular como se encontra há décadas.


  O que é menos compreensível é a pressa do governo em adotar o novo exame no mesmo ano do anúncio da proposta, sem nem ao menos esperar que uma geração de ensino médio pudesse se formar. O exame foi “outorgado” em Abril para que fosse aplicado em Outubro do mesmo ano! Sabendo que grandes mudanças na educação são processos meticulosamente estudados e que devem ser aplicados gradualmente para surtirem efeitos a longo prazo, o Ministério da Educação quis optar pela alternativa “expressa”.
  Os estudantes e professores já sabiam que toda essa mudança em um prazo de 6 meses não poderia dar resultado. E não deu. Dois dias antes da primeira prova, o Brasil acordou com a notícia de que o exame, que seria feito por 4,1 milhões de estudantes e decidiria a vida da maioria destes, havia vazado. Vazado por falta de organização e fiscalização (mesmo com toda a verba pública destinada à essa finalidade e com o dinheiro arrecadado nas inscrições).
  O acúmulo da ansiedade, medo, falta de informações e desconfiança do exame fez os estudantes brasileiros sairem às ruas reivindicando maior respeito e maior diálogo entre o governo e os corpos docente e estudantil.
  Atrasando resultados de – muitos – outros vestibulares, o Novo ENEM fora remarcado para Dezembro. Mais uma vez os estudantes tiveram de aceitar as condições impostas pelo MEC: afinal, é nosso futuro que estava em jogo.
  Chegado o final de semana da prova, metade dos 4,1 milhões compareceram aos locais de provas para participar de uma prova de resistência: 90 questões por dia (e no segundo, também uma redação) com pouco mais de 3 minutos para cada. O que não havia sido informado é que muitas dessas questões teriam enunciados que ocupavam mais de meia página A4 e que o nível de dificuldade seria ainda maior que o da prova que foi fraudada. Muitos foram aqueles que tiveram de chutar as últimas questões (por falta de tempo), principalmente os que deixaram por último a prova de Matemática, que não media nenhuma habilidade senão a de saber fazer contas enormes no menor tempo.
  Finalmente passada a tormenta, viria a calmaria. Pelo menos era o pensamento frequente na mente dos vestibulandos. Porém não foi o que ocorreu. No dia que o gabarito oficial foi lançado ao ar, ele estava com inúmeros erros.
  Também por causa atraso do Novo ENEM, os inscritos na UFRJ tiveram de fazer as provas de um processo eliminatório sem nem ao menos saber se foram eliminados. Só em meados de Fevereiro que os vestibulandos saberão se suas provas da UFRJ serão ou não corrigidas (para em Março saberem se foram ou não aprovados).
  Mesmo após todos estes imprevistos, o vestibulando continuou a lutar pela sua tão almejada vaga na universidade. No entanto, no dia 28 de Janeiro, a noite, o INEP (orgão responsável pelo ENEM) divulgou as notas dos candidatos, sem explicar o que elas queriam dizer. Sem contar as notas discrepantes de redação, as quais são corrigidas sem a menor fiscalização ou padronização do processo pelo INEP.
  Hoje, dia 29 de Janeiro, primeiro dia que o site do Sistema de Seleção Unificada (para os alunos se inscreverem nas faculdades que adotaram o ENEM integralmente como forma de ingresso) foi aberto, os alunos não conseguiram se inscrever de jeito nenhum. Desde as 6 horas da manhã, os alunos mais uma vez sofrem com a falta de organização na implantação desse novo modelo de ingresso às universidades que já nasceu predestinado a não funcionar.
  Para a NOVE, da maneira que o Novo ENEM foi adotado, o objetivo de examinar o Ensino Médio do país não pode coexistir na mesma prova que serve para ingressar na faculdade. Isso sem contar que as mudanças não podem ser impostar “de cima”; elas devem vir das bases. Dessa forma, a NOVE defende uma reforma educacional gradual partindo da base do sistema.
A NOVE gostaria de parabenizar a todos nós vestibulandos de 2009 por terem enfrentado de cabeça firme todos os problemas surgidos e terem encarado de cara o Novo – e nem um pouco inovador – ENEM.

 Estamos trabalhando para buscar maneiras de evitar mais desrespeito com os estudantes, e por isso queremos ouvir sua opinião, sua experiência ou sugestões. Falem conosco no formulário de contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário